Vídeo mostra pai usando celular para filmar briga com BernardoVídeo mostra pai usando celular para filmar
briga com Bernardo

O G1 teve acesso ao vídeo que mostra uma briga entre Bernardo, o pai, Leandro Boldrini, e a madrasta, Graciele. As imagens foram gravadas no celular do pai do menino. Na maior parte do tempo, não é possível ver a discussão. Apenas no início, o médico aparece deixando o celular no cômodo. O vídeo capta os pedidos de socorro de Bernardo, de 11 anos, assassinado em abril deste ano.

O vídeo começa com a sombra de Leandro no chão do quarto da casa onde a família morava, em Três Passos, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul. O pai de Bernardo liga a câmera e passa para Graciele enquanto o menino grita por socorro de um outro cômodo. É possível ver o rosto do médico neste momento das imagens. A madrasta pega o celular e o ajeita na cama do casal. Clique aqui para assistir.

Veja a transcrição

Bernardo: Socorro.
Leandro: Vamos se acalmar. Vai para o teu quarto.
Bernardo: Socorro!! Meu pai vai me agredir. Socorro!! Socorro!! (…)
Leandro: Respeita a tua irmã, a Maria aqui…
Bernardo: Socorro!! Vocês me agrediram!! Socorro!!
Graciele: Fecha a porta… (diz para Leandro)
Bernardo: Socorro!! Socorro!! (…)
Bernardo: Empresta o telefone, eu quero denunciar vocês! Empresta, quero denunciar!
Leandro: Aqui quem manda sou eu.
Bernardo: Eu quero denunciar, empresta!
Leandro: Ou tu entra, ou tu sai. E se entrar fala baixo.
Bernardo: Empresta o telefone agora! Empresta! Tu falou que eu poderia denunciar, empresta!
Graciele: Ah, tu quer o telefone para denunciar? (risos)
Bernardo: Sim! Empresta!
Graciele: Quer denunciar, te vira! Te vira!
Bernardo: Empresta!
Leandro: Cuidado a Maria aqui, rapaz! Escuta aqui, que bagunça é essa?
Bernardo: Socorro!!
Leandro: E fecha a porta, né?
Bernardo: As pessoas estão olhando…
Leandro: Viu?
Bernardo: As pessoas estão olhando…
Graciele: Vai lá, vai pedir socorro.
Bernardo: Vão vocês!
Graciele: Tu que tá pedindo! Tu que está gritando!
Leandro: Quem que começou a bagunça?
Bernardo: Vocês me agrediram, tu me agrediu.
Graciele: E vou agredir mais. A próxima vez que tu abrir a boca para falar de mim, eu vou agredir mais.
Leandro: Xingando ela. Ninguém merece ser xingado, né, rapaz.
Graciele: Eu vou agredir mais, eu não fiz nada em ti.
Bernardo: Fez sim. Tu me bateu.
Graciele: Tu não sabe do que eu sou capaz.
Bernardo: Tu me bateu.
Graciele: Tu não sabe.
Bernardo: Tu me bateu.
Graciele: Eu não tenho nada a perder, Bernardo. Tu não sabe do que eu sou capaz. Eu prefiro apodrecer na cadeia a viver nesta casa contigo incomodando. Tu não sabe do que eu sou capaz.
Bernardo: (inaudível) Queria que tu morresse
Graciele: Tu não sabe do que eu sou capaz. Vamos ver quem tem mais força. Aí nós vamos ver quem tem mais força.
Bernardo: Quando tu morrer
Graciele: É, vamos ver quem vai para baixo da terra primeiro
Bernardo: Tu. Tu vai..
Graciele: Então tá, se tu tá dizendo.
Bernardo: Tu, tu vai…
Graciele: Vamos ver quem vai primeiro.
Bernardo: Coitada da Maria, vocês vão agredir ela também! Vão sim!
Graciele: Ela está comigo.
Bernardo: Vão agredir ela depois…
Leandro: Ah, Bernardo, eu fico com pena de ti… Com pena de ti, cara. Tua mãe te botou no mato. Deus o livre. Te abandonou…
Bernardo: E tu traiu ela!
Leandro: Como é que ele tem isso na cabeça?
Graciele: É… Ela que andava com tudo que era homem aí, ó! Ela que era vagabunda, Bernardo!
Bernardo: Não era! Minha mãe não é vagabunda!
Graciele: Então vai perguntar para as pessoas da cidade o que tua mãe fazia! Pergunta!
Bernardo: Minha mãe não era vagabunda…
Graciele: Então pergunta para as pessoas o que tua mãe fazia com teu pai.
Leandro: Eu sei que tua mãe é o máximo para ti, mas simplesmente ela te abandonou.
Bernardo: Ela não me abandonou, foi culpa tua, sim!
Graciele: Ela que pensou em matar teu pai.
Bernardo: Porque ele estava incomodando ela.
Leandro: Ela foi lá na vila com o cara, comprou uma 38 com duas balas, foi lá no consultório. O que ia acontecer comigo?
Bernardo: Tinha que ter matado mesmo!
Leandro: E o que ia sobrar de ti?
Bernardo: Tinha que ter te matado!
Leandro: Mas o que eu tenho que ver, cara?
Bernardo: Tem de morrer!
Leandro: Tenho de pegar com minha vida por causa de gente à toa?
Bernardo: Sim!
Leandro: De gente que não presta?
Bernardo: Tomara que tu morra! E essa coisa (Graciele) que morra junto!
Graciele: Tu vai ir antes. Doente que tu está desse jeito…
Leandro: Quanta gente…
Graciele: Teu fim vai ser igual o da tua mãe.
Bernardo: Não!
Graciele: Então tá…
Leandro: Eu salvo uns quatro ou cinco todo dia, tiro as pessoas de dentro do caixão.
Bernardo: Não tira!
Leandro: Elas aparecem uma semana depois caminhando lá no consultório.
Bernardo: Não!
Leandro: Eu acho que tenho uma função nesse mundo…
Bernardo: De morrer, tem que morrer!
Leandro: Deixa que eu morro a hora que Deus quiser… Não é pela tua boca.
Bernardo: Tu vai morrer.
Leandro: Me respeita!
Bernardo: Vou rezar para tu morrer.
Graciele: Então vai, te ajoelha.
Leandro: Tu vai ficar 20 anos rezando. Quanto mais tu rezar, pior vai ser. Mais eu vou durar.
Bernardo: (fala inaudível)
Leandro: O que tu falou?
Bernardo: Não te interessa!
Leandro: É, é… ‘Froinha’, não consegue falar. Se fosse macho falava melhor!
Bernardo: Polícia!!
Graciele: Vai lá então… Vamo, desce lá!
Bernardo: Não…


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