“Não posso ser julgado por um inimigo”, disse Eduardo Guimarães, que é investigado por comunicar assessor de Lula sobre operação e antecipar condução coercitiva do ex-presidente em seu blog

Agência Brasil

O blogueiro Eduardo Cairo Guimarães, investigado por publicar em seu blog informações sobre a condução coercitiva do ex-presidente Lula dias antes da deflagração da operação policial, rebateu declarações do juiz Sérgio Moro, titular da Operação Lava Jato em Curitiba (PR), e afirmou que o magistrado “se converteu” em seu “inimigo”. “Não é mais juiz, é parte de um litígio. Não posso ser julgado por um inimigo. Isso é uma aberração, isso é coisa de ditaduras”, declarou em um texto publicado no Blog Cidadania, site alimentado por Guimarães.

“Está me processando depois de ter sido por mim representado no CNJ [Conselho Nacional de Justiça] e depois de ter representado criminalmente contra mim em razão de uma publicação em rede social, em que se considera vítima de ameaça praticada por mim”, afirmou.

Na última terça-feira (21), Guimarães foi levado por agentes da Polícia Federal, coercitivamente, para prestar depoimento na Superintendência da PF em São Paulo, na capital paulista. Na ocasião, foi questionado sobre a fonte, identificada como Francisco José de Abreu Duarte, que lhe repassou previamente a informação sobre a condução coercitiva do ex-presidente Lula na Operação Lava Jato, em março do ano passado.

O blogueiro teve computador e celulares apreendidos e só foi liberado no final da manhã. Entidades que defendem a liberdade de imprensa criticaram a ação e reafirmaram o direito ao sigilo da fonte.

Em um texto divulgado em seu blog, Guimarães relata como ocorreu sua prisão e o interrogatório, e diz que foi “colocado diante da hipótese de ser preso se não provasse que não tinha relações com o jornalista de Curitiba”, fonte que teria lhe passado as informações. Contradizendo o que o magistrado disse, no relato, o blogueiro afirma: “Não se sabe como ele foi informado da forma como transcorreu meu interrogatório. Ele diz que não fui pressionado, eu digo o contrário”.

Ontem (quinta-feira, 23), por meio de um despacho, Moro decidiu cancelar validade do conteúdo apreendido em telefones e computadores do blogueiro e chegou a indicar que Guimarães não seria jornalista por ter revelado a fonte à Justiça. “Um verdadeiro jornalista não revelaria jamais a sua fonte”, disse Moro, que ressaltou que Guimarães não foi “forçado” a revelar a informação.

“De igual forma, fica excluída como prova, do depoimento de Carlos Eduardo Cairo Guimarães, a revelação, embora ele não tenha sido forçado a ela, da identidade de sua fonte”, afirmou Moro no despacho. “A decisão não corresponde à realidade ao afirmar que eu teria revelado ‘de pronto’, ao ser indagado pela autoridade policial e sem qualquer espécie de coação, quem seria a sua fonte de informação”, contesta Guimarães.

De acordo com as investigações da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, Guimarães não só divulgou a informação imediatamente em seu blog, como teria comunicado a um dos assessores do Instituto Lula, José Chrispiniano, de que o ex-presidente seria alvo de uma das etapas da Lava Jato. O processo que envolve o blogueiro apura o vazamento da informação por alguma autoridade ou agente que tinha acesso ao processo.

Além de rever a decisão, Moro também levantou o sigilo sobre a investigação contra Guimarães. A operação quebrou os sigilos telefônicos do blogueiro, de Rosicler Veigel, auditora da Receita Federal que teve acesso às informações, e de Francisco José de Abreu Duarte, jornalista que teria passado a informação ao bloqueio.

O blogueiro é alvo de outra ação, movida pela Associação de Juízes do Paraná, em que é acusado de ameaçar Sérgio Moro pelas redes sociais. Eduardo Guimarães alega que as mensagens não eram dirigidas ao magistrado, mas a um seguidor. “Os delírios de um psicopata investida de um poder discricionário como Sergio Moro vão custar seu emprego, sua vida”, escreveu no Twitter em 21 de junho de 2015.

Blog da Cidadania antecipou a condução coercitiva de Lula há um ano. Na época, o Ministério Público Federal anunciou que abriria processo para apurar o vazamento da informação ao blogueiro. O repasse de informações a jornalistas é uma constante na Lava Jato. Nenhum caso, porém, resultou em condução coercitiva ou apuração mais profunda até agora. O site se caracteriza por críticas à Lava Jato, à defesa dos ex-presidentes Lula e Dilma e de partidos de esquerda.


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